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1 MIN PARA A MEIA NOITE: O ANJO VERMELHO DE LAURA. DORMINDO...
Uma águia sobrevoa os picos gêmeos.
Ela é capaz de ver tudo, tem conhecimento da vida de todos os habitantes da
morosa cidade. Ela é os olhos, o tato e o olfato da Investigação, mas o seu espírito
se chama Dale Cooper.
Como já havia explicado nos artigos sobre o enredo do filme Efeito Borboleta, este resumo é mais uma peça para aquele mesmo assunto que se esconde atrás da ideia das viagens temporais: quantas pessoas realmente foram movidas pelas ações de Evan? E se somarmos a isso as ações do pai de Evan que, aparentemente, são anteriores? Como já foi dito, temos por um instante a ilusão de que todas as modificações estão restritas aos personagens que nos são apresentados. Contudo se você fizer uma viagem pelo tempo e mudar o curto trajeto de um único alguém por mais aleatória que seja a escolha dessa pessoa...? (vamos chamar esse alguém sem importância alguma de Garoto, apenas para poder esclarecer a ideia) Todos aqueles que a veriam, aqueles com quem entraria em contato direta ou indiretamente, as impressões que teria causado, as ações por menor que fosse que teria praticado... tudo isso se apagaria e tudo o que tudo isso gerou nas pessoas que estiveram diretamente relacionadas a essa circunstância jamais teria ocorrido e ainda mais o que outras pessoas através de um contato secundário com aquelas primeiras pessoas que se moveram a partir do que receberam dessas últimas apenas porque essas receberam daquele inofensivo trajeto percorrido por aquele alguém “dispensável” por sua vez também não teriam lugar sequer no reino dos pensamentos. Como vês, não precisas mexer com muita gente para que o mundo por onde você começou tudo isso de repente vire uma tela de Tv preta cujo sinal se escapou para longe da eletricidade e nunca realmente existiu!... Talvez isto te lembre Twin Peaks!
Talvez seja porque o mundo é a
morada de um único homem! Você mesmo.
Por aqui não vou utilizar o significado
original dos criadores da série (TP), mas somente minhas próprias percepções e
concepções e se houver algo realmente compatível, pode significar que ou
estamos bebendo da mesma fonte ou como eu disse, o mundo é mesmo pequeno demais
tentando ser grande. O que quer dizer o mesmo.
Laura Palmer, então, é o nosso
Garoto. Até a segunda temporada fiquei presa à ideia de que a trama girava em
torno de Laura Palmer e o agente Cooper, considerando mais fortemente que Cooper
fosse o ponto inicial, mas isso foi mudando. Eu vinha sonhando de modo intenso
e recorrente com a série, algo inusitado, por não me ver tão conectada a outras
séries ou mesmo filmes. Meu primeiro sonho com Laura, que na verdade foi apenas
um trecho como que num distúrbio de sonolência se deu no dia 06 de janeiro (2023)
contando para o fim do ano 359 dias. Há um texto meu que você teria que
consultar a respeito do Prisioneiro 3.5.9. que ajuda a entender isso, do meu
ponto de vista.
No dia de hoje (10/02/23) ao meio-dia fiz algumas conexões incríveis para a minha história. Há muitos e muitos dias no quintal ao lado, uma ave ficava piando terrivelmente, o som era similar a voz humana ao mesmo tempo em que parecia que as paredes de sua garganta se iam rasgando dolorosamente. Não lembro como e quando comecei a lembrar de Laura, mas esta foi a primeira vez que conectei os gritos que ela dá na série à própria natureza da coruja. Eu costumava comentar que aquele ave no outro quintal chiava como gente! Mas a minha surpresa mesmo viria quando comecei a construção desse texto (as dezoito e meia), notei que o meu primeiro sonho me revela justamente essa informação, há um trecho que diz “então, ela, Laura Palmer, realmente lança um grito similar a uma ave noturna – isso foi bem feio e medonho”. Até este momento eu estava cega para estas coisas, contudo estas coisas se uniram para este momento.
O meu sonho também relata que a
sombra dela se assemelhou a uma árvore e realmente eu especifico, mas você
notou que toda a simbólica da série está centrada também nas árvores e que a própria
Laura faz o sinal em libras para Árvore? Eu vou explicar isso em outro lugar,
contudo o que quero dizer é que realmente os sonhos nos revelam coisas e há
muitas explicações para isso, mas posso usar a original do Cooper, ele esteve
em contato com todas as testemunhas (os personagens da série) e com alguma
habilidade já bem treinada ele podia extrair de todos esses olhos, tatos e olfatos
tudo o que ele pudesse para organizar a cena do crime! Para entender melhor
sugiro O Mentalista.
Somente no dia 09 de fevereiro eu vim a ter um sonho de fato profundo e tão nítido e direto com a Laura Palmer de modo que me deixou pensativa ainda mais, talvez tenha sido por isso que hoje passei a pensar mais fortemente nela. No meu sonho a Laura Palmer morre uma segunda vez, embora ela tenha assumido outra identidade, literalmente, que é o que acontece na série, ou pelo menos o que interpretei, ela é jogada para outra realidade, uma na qual os personagens anteriores não existem mais, e ali se responde à pergunta que David Lynch fez para nós: Quem é o Sonhador?
Obviamente essas coisas vieram
primeiro da cabeça dele e de seu colega, então a princípio ele é o Sonhador que
quer fazer parecer a nós que nós é que estamos imaginando essas coisas, mas é claro
que é uma metáfora para as existências, bem, é o que a maioria, com razão, deve
ter concluído... Qualquer sonho, bom ou ruim, complexo ou claro, ainda é uma
coisa de louco!
Na minha percepção, no momento em
que Dale Cooper apaga a morte de Laura, ele apaga todos os eventos que o
conduziram até o último capítulo e isso é o mesmo que dizer que nós
telespectadores nunca assistimos à Twin Peaks! Aposto que nós nos assistimos
mesmo, contudo ele deixa sugerido algo, e uma sugestão é o suficiente para
começar algo de novo ou algo do novo... A questão é essa, ele pode ter apagado
tudo, mudando os destinos de todos os antigos personagens, mas por que ele Dale
Cooper se recorda do passado que nunca existiu? E mais principalmente, por que
Laura Palmer ainda grita como antes, como se se lembrasse? E por que a marca de
Judy está nessa pseudo-nova realidade?
Podemos pensar que há muitas linhas
do tempo e os artistas das viagens temporais vão pulando de uma e outra, mas
devemos considerar que a lembrança resistente de Cooper e a persistente intervenção
das entidades sobre Laura talvez queiram nos dizer que há uma realidade intacta
e retilínea acima desse emaranhado de alternativas, pode ser que ela não seja um
império indestrutível, pois desde que Dale se lembrar, então ele tem a
oportunidade de subir até os degraus que ocultam esse lugar, mas isso também
quer dizer também que ele está em zonas de poder mais baixo... um ciclo que é o
que parece nos dizer o último episódio, sem fim e sem começo, numa angustia aparentemente
eterna de não saber mais para onde ir... O Anjo pelo qual Laura esperava,
alimentando suas três crianças, precisa avançar em passos mais altos até a
morada de Judy, de onde ela governa imprimindo nos emaranhados existenciais a
sua marca soberba de destruição e confusão.
A vontade para escrever esse texto
só veio depois de eu assistir seguidamente pela primeira vez à série Travelers
e me deparar a este assunto no terceiro episódio em que um dos viajantes
atacado por algum distúrbio moral ou psíquico modifica a estrutura de existência
de um personagem, o garoto Aleksander, o que causa uma tremenda confusão além
do que ela pode ser contida ou realmente revelada na sua essência. Aleksander é
para o conflito do terceiro episódio o que Laura Palmer é para toda a série
Twin Peaks, ela não é somente uma pessoa, ela representa um poder, o próprio símbolo,
a própria entidade, a própria questão, ela é uma linha do tempo, uma pequena
raiz portadora de outros filamentos, que brota de uma raiz ainda maior que as
vezes até pode ser considerada como uma árvore, um único sonho com muitos segredos tão imperscrutáveis que se tornam assustadores!
...
BY r.l.
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