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A VERDADE na Guerra: Quem é o Homem do Castelo Alto? Isto é um jogo!?



 *Atenção, esse texto só leva em conta os eventos ocorridos até o final da segunda temporada de O Homem do Castelo Alto. Essa fase pode ser um ciclo fechado ou pode ser um ciclo fechado que se reúne a outros ciclos, e então poderíamos ver alterações que mesmo aparentes, não modificam a essência dos primeiros arcos (1a e 2a T)

Na sala da minha casa com os Dvd’s piratas dos amigos da minha irmã, em muitas daquelas tardes nós assistíamos Naruto; o arco do Sora é um dos que mais me recordo, começa especificamente no episódio 57 da 3T, justamente porque o discurso do “rei e os peões” ficou gravado em mim e se tornaria parte da minha construção. Asuma-Sensei, que considero como um professor virtual, tem grande papel nisto, ele usa o esquema do jogo Shogi “o jogo dos generais” para se movimentar e explicar como o mundo acontece, contudo, esse arco é todo baseado neste jogo de poderes.

O episódio 63 se conclui com o Sora segurando a peça “Rei”, quando anteriormente nos é apresentado o conflito dentro da alta liderança em que há um rei que sai a combate e um rei que manipula os planos por trás das cortinas. Todas essas coisas podemos ver no High Castle. “O rei não é o problema, o problema é aqueles que acreditam no rei, enquanto eles existirem, um rei pode ser substituído muitas vezes” e aqui nesta declaração de Furido damos de cara com o questionamento de Joe Blake quando ele diz que compreende quem luta por uma pessoa, mas não compreende quem luta por uma causa. A questão é que a causa é a Lei do Reich ( paradoxalmente é o apego-reconhecimento a imagem da pessoa, no caso o nazista assassino), tanto assim é que no final da temporada, outros ascedem rapidamente ao trono de Fuhrer em movimentos sinuosos de complô e traição em que fica mais claro ainda que essas pessoas são peças mutáveis. Furido continua “Não é o rei que deve ser eliminado, mas os peões”. “É tudo pela minha causa” – Kasuma/Furido.


Este pensamento venenoso é tão letal que como Sora sucumbe à ele, o filho de Smith, Thomas,  também sucumbe acreditando estar fazendo o correto, ele se entrega a vigilância sanitária dando fim assim a sua vida. Ambos crianças, isso nos diz que as raízes do mal começam a se estender desde as sementes dos nossos anos para que o  expurgo mental seja mais eficiente. No ep 71, Asuma está jogando Shoji com Shikamaru e de sua boca sai essa pérola “sacrifício é necessário para proteger o rei quando o seu adversário é bom”, podemos perceber isso no ato de Frank Frink quando ele se ordena o carregador da bomba, ele declara “agora isto é maior que eu”.

 – E então, você sabe quem é o “rei”? conclui Asuma, e eu pergunto, “Quem é o Homem do Castelo Alto?” Talvez seja uma conspiração minha, ou talvez tenha sentido, mas nós temos no principio a ideia de um homem que provavelmente vive em um castelo num lugar alto, e então nós vemos primeiro a morada do Fuhrer, e só depois o próprio guardador de rolos de fitas nos diz que o Castelo Alto é sua Mente (seu espírito), mas se você for atento saberá que a única coisa que o Fuhrer faz é assistir as fitas uma após a outra; quem é mesmo aquele outro que apenas realiza esta tarefa? Pois.


 Afinal O QUE É o Homem do Castelo Alto? ( e o que realmente é O Castelo Alto?) Diria que as duas pistas são distrações até aqui, uma vez que são obviamente polaridades. O personagem Ed em algum dos episódios diz uma coisa muito importante, quando Frink desesperado diz que eles não têm nada, Ed então dá uma resposta certeira, “nós temos a Verdade” e a razão para isto ser a coisa mais poderosa que alguém pode ter é simplesmente porque a Verdade é a Verdade, não importa o que se maquie, que palácios se construam, quanto poder se tem, tudo desaba diante da Verdade porque ela não se move além do que ela é.

Enquanto Juliana Crain está asilada na casa de John Smith fica ainda mais óbvio que ela está a todo tempo sendo jogada para lá e para cá desde o primeiro episódio da série, no entanto não houve um só momento em que ela abarcasse uma causa fazendo valer o contrário contra aqueles que não estivessem sob a tutela dessa causa, por isso ela é persona non grata de ambos os lados, para qualquer um deles torna-se impossível confiar nela, a explicação para as medidas da Juliana eu resumiria numa afirmação poderosa que ela fez “eu não sou assassina”.

Ela mata depois, mas existe uma grande diferença entre a ação deslocada de matar alguém e o ser por si só um assassino que é o que todos os outros são em potencial, como no filme Matrix em que qualquer habitante da sociedade é um potencial Agente Smith, com exceção dos que estão fora do constructo. O mais próximo da identidade da Juliana poderia ser o Ed, contudo isso é facilmente descartado, pois ele é extremamente devotado ao seu amigo, e basta isto para que se torne informante duplo, não são as circunstâncias que o obrigam, mas o seu apego; quando foi necessário a Juliana deixar o namorado Frink para realizar o que ela julgava correto mesmo tendo descoberto o que descobriu de Joe, ela o fez, mesmo que isso fosse interpretado como traição.

O CASTELO DE MEMÓRIAS - as fitas


Hawthorn Abendsen, por duas vezes confessa isso, nas duas vezes em que se encontra com Juliana, ele diz “a única coisa que eu sabia era que você, Juliana Crain, era a única esperança para todos nós... Você sempre estava lá em algum lugar importante e algumas pessoas que você conhecia, passei a vê-las também circulando ao seu redor... COMO NUM ÁTOMO, mas elas mudavam... contudo você era sempre você. Você e sua mente consistente e incomum.” 

E atentem para isso, senhores, aquela foi a segunda vez que ele disse “sua mente consistente e incomum...”. Quem é o homem do castelo Alto? A peça irremovível, aquilo que não pode ser alterado? A Verdade. Todos os outros personagens são linhas temporais, bifurcações com milhares de possibilidades, mas Juliana Crain representa o caminho original, a real linha do tempo. Ela é a única peça que não pode ser tirada do tabuleiro, muito menos alterada. É aqui que caímos para o poço profundo abaixo da camada do óbvio. O que é essa linha original, esse ÁTOMO?

Da mesma forma que toda a história de Twin Peaks gira em torno de Laura Palmer e sem a existência dela todos os fatos nunca aconteceram, da mesma forma que Donnie Darko é todos os personagens da sua própria história e todos eles dependem das correções do rapaz, assim, em primeira observação, a mim me parece que é também a personagem JCrain: uma grande raiz da qual centenas de centenas de outras centelhas menores dessa raiz dependem. De qualquer forma é ela quem realiza a correção beneficiando todos os outros.



Os impérios nazista/japonês retratados na série, nada mais são que as cortinas densas e de mesma cor que encobrem naquelas realidades, os milhares de movimentos que aquelas peças (pessoas) realizam indo de um extremo ao outro do tabuleiro, imprevisíveis para safar-se a própria pele enquanto acusam o que pensam não lhes dizer respeito. Marionetas, o mal real está em cada um deles, e está em tão grande número que cria tentáculos reais na camada visível das nossas existências.

Aqui fica, então, a questão, O QUE É o Homem do Castelo Alto? Por que obviamente QUEM ele é, em algum ponto das histórias, se refere a cada um de nós. Um em potencial.


RzL, 12, Maio, 2023 - 17:08h


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