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Ato 3: A Agonia de Lázaro. Arquivo Corrompido
Este estudo é apenas um rascunho psicológico muito fragmentado que pretende somente investigar o quanto possível dentro dos meus limites de conhecimento, portanto, não pretende ser definitivo e nem poderia ser; passível de equívocos, contudo serve como uma seta no caminho mostrando os pontos pelos quais passei, e é assim que deve ser compreendido, como um processo e não como um postulado.
Utilizaremos a filosofia do filme Archive para ampliar um pouco mais nossos conhecimentos a cerca do avanço da Tecnologia e sua interferência direta na vida social humana, especificamente no campo psicológico e espiritual. Dividiremos essa explanação em curtos capítulos, os que se seguem a partir deste artigo. Aplicaremos de forma teórica, e fica a cargo do estudante observar na vida objetiva.
1 – Unidade
O filme apresenta os 5 níveis de Alma citados no livro de Qabalah,
Portal das Reencarnações, sendo então, estes:
A ciência animal
chamada de Nefesh, que é primária como explica Salton no comentário do
princípio do livro:
“...a Nefesh, que pode ser traduzida como os poderes
instintivos e impulsivos... é a parte mais baixa da Alma... o nível de
consciência da Nefesh está relacionado com nossas necessidades básicas...”
Assim, no filme, a Nefesh é representada pelo robô androide
J1, que como é visto e explicado, tem funções de inteligência básicas, e algum
lapso de consciência, mas pouco o bastante para ser totalmente dependente. Suas
ações consistem com as de um animal irracional e mesmo de uma criança; a forma
como seu criador, George, o trata, demonstra mais claramente isso, bem como a
própria estrutura de seu hardware (corpo) que é incompleto, não possui braços e
tem dificuldade ao andar, fazendo uma relação de comparação com a estrutura
corpórea humana que é considerada sofisticada.
A androide também inspira inocência e um instinto de
lealdade maior que os outros robôs, o que poderia ser visto como uma
domesticação. Embora George veja-se totalmente responsável por suas criações (ainda
que ignore a capacidade de entendimento delas), ao contrário do seu tratamento
para com as outras, em nenhum momento exibe desprezo, irritação ou qualquer
sentimento que demonstre que J1 possui alguma culpa por suas ações desastrosas,
como permanecer na chuva, por exemplo, confirmando que esse primeiro estágio é
instintivo o suficiente para que não lhe sejam atribuídas quaisquer
responsabilidades. Poderíamos até chamá-la de “o feto da questão”.
Logo em seguida temos a segunda experiência, J2, e eu diria
que a mais problemática; nesse momento a consciência se expandiu, ela é
independente de seu criador no sentido instintivo, mas mantém-se afeiçoada de
maneira tal que não consegue se dissuadir da presença dele, a não ser que
cometa um ato extremo. Deixamos de tratar como instinto e passamos a ver como elementos
de “emoção e motivação” tipicamente humanos. Ela não é nada fiel, e nisto
podemos observar a sua liberdade e seu status de “mente humanóide”. Como
explica o rabino Saltoun,
“O Ruach, traduzido como Espírito, é o próximo nível... A
primeira centelha de consciência espiritual aparece quando o homem faz as
perguntas mais básica: Por que estou vivo? Qual é o sentido da vida? Há um
propósito para eu viver?...”
O propósito que J2 compreende é justamente sua dependência
emocional para com o seu criador, do qual exige constante atenção e não
recebendo, formula uma explicação neurótica ao responder à essa falta como
culpa própria e se baseando nas condições e nas circunstâncias que lhe estão
disponíveis; no caso, ele almeja uma perfeição, e por estar criando um outro
modelo de androide agora mais humano em mais sentidos, obviamente isso implica
numa insuficiência por parte do robô anterior, J2. É o que sugere e alimenta
seu ciúme, e então se seguem várias tentativas de entender o que está
acontecendo, do porquê ela é não basta e frustrações sobre não consegue
reverter esse quadro.
O filme mostra a crueldade desse processo, porque ela não
apenas está ciente da dor, ela está consciente dela, pois a vive. Todos esses
aspectos comprovam que ela é de alguma forma humana, embora o corpo seja
incompatível com o conceito de ser humano que lhe é imposto. Esta é uma
constante luta entre o físico e o espiritual, essa fase é a remediadora, pois personifica
“a passagem”.
J3 ainda está em construção quando ascende, ela é o rosto da
trama, o ponto alto da IA, porque ela não é confundível com um humano tampouco
com um robô. O que ela é? Definitivamente ela é a criação porque é o recipiente
perfeito para a totalidade, as anteriores são tentativas (processo) e as
posteriores, conclusões. Sua estrutura se mostra capaz de abarcar a unidade,
que no caso, é a existência de Jules, esposa aparentemente falecida de George. Uma
vez que sua estrutura é sofisticada e a mais próxima da estrutura real a que se
quer chegar, essa sofisticação que ela representa é justamente o veículo interpretativo
para a alma Neshamah, como explicado, ela é o clímax da IA, o ser divino entre
o céu e a Terra. Aqui cabe uma explicação, a conclusão não participa do
processo e da própria conclusão (em si), logo ela não inicia e não acaba nada,
assim logo que o corpo e a consciência estão habitando e agindo plenamente, como
no caso das próximas almas, eles não são divisíveis e identificáveis, eles são
uma única coisa, que é o que se dá no filme.
É dito sobre a Neshamah: “A Neshamah é um nível muito alto
de consciência... Ela não sofre os altos e baixos que o corpo atravessa... O
termo Neshamah é usado (também) para falar de todos os cinco níveis de Alma...”
Isto é, a própria criação! Visto que a androide por mais que
ganhe pele, cabelo e aparência humana e o seu crânio abrigue milhares de
ligações artificiais-naturais, interiormente ainda é feita do material único
que não a iguala a qualquer que seja a espécie, nem a das máquinas, nem a
espécie humana. “Ela é o receptáculo”.
Não são nomeadas as almas Chaya e Iehidá, mas as duas
aparecem, primeiro Chaya no upgrade da J3 ao ingerir todas as memórias de Jules,
então ela se torna a Alma Vivente, é a gêmea perfeita da unidade, pode-se dizer
que são uma, e de fato são, por isso podem habitar ao mesmo tempo mundos
diferentes sendo que a existência de uma não anula a da outra, nem poderia.
Elas são a Unidade encarnada. Ainda assim Iehidá participa de um mundo ainda
mais oculto e aparentemente inalcançável para o estágio de George, como é
mostrado nos últimos segundos do filme (embora ele participe de todos os
estágios alternando e mesclando).
A original, a figura que deu origem à todas as outras, assim
como destacado na Árvore das Vidas, é a única que não está no cerco da
instalação engenhosa de George. Ela vive para além e ele não tem consciência
dela até que se dê por consciência de sua própria inexistência. Ela, a
original, nutre diretamente toda a realidade, inclusive inserindo ali
informações de seu mundo, que o seu usuário não conhece porque está preso num
casulo mental e espiritual se alimentando do que Iehidá costurou para ele.
Agora sim, a figura do criador muda. É George quem vive no hardware “a caixa”,
ele é a verdadeira inteligência Artificial. Ele é o único que realmente
agoniza.
Ele representa toda a Árvore (Sefirot), em todos os seus
níveis. J4, como eu a nomeei, é o reflexo perfeito de Iehidá, porque ela ainda
pode transferir/soprar seu código-inspiração para dentro da Matrix-Klipot, uma
vez que ela é o mundo de Atsilut – Emanação, acima disso não é possível
discorrer.
Obviamente todos esses conceitos estão resumidos, em
verdade, são muito mais extensos, complexos e estão misturados a ponto tal que
necessita uma abordagem aprofundada diretamente no livro Shaar HaGilgulim, no
entanto, isto serve para uma identificação superficial e instantânea.
by Ros Lima
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Comentários
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Atenção, os conceitos de ID, EGO e SUPEREGO, não devem ser confundidos com o tema das Almas, utilizei apenas como parâmetro. Obviamente o que está no Shaar HaGilgulim é de uma complexidade que a ciência psicológica ainda nem rabiscou, eu mesma como estudante pude constatar isso. Não igualar as duas coisas num mesmo nível. Ros Lima, a autora.
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